Falha ou ausência de compatibilização de projetos, escassez ou ineficácia no controle de qualidade das tarefas executadas, inexistência de compatibilização entre os insumos especificados e a incorreta aplicação dos produtos são exemplos dos principais lapsos que as empresas costumam cometer e que afetam a produtividade na construção civil.

Somado a isso está a ausência de um planejamento realista, com cronogramas físicos, financeiros, histogramas de obra e a comparação entre as produtividades planejadas e as realizadas na obra, sendo esses os principais motivos de atraso. Sem tais processos, não é possível identificar em quais aspectos a realidade está próxima do planejado e quais necessitam de maior atenção ou ações corretivas para que seja cumprido o que foi programado.

Quer saber como aumentar a produtividade e elevar a lucratividade dos empreendimentos e evitar atrasos? Então, continue lendo!

1. Planejar a obra de forma realista e mensurar a produtividade

Muitos profissionais consideram que planejar é perda de tempo — seja por conhecerem o tipo de obra, seja pela necessidade de começar rapidamente ou por acreditarem que o planejamento se distancia muito da realidade. Existem, também, os que realizam essa etapa sem fazer o mais importante: o controle do que foi planejado.

O controle é feito por meio da apropriação dos dados de produtividade da obra e das tarefas executadas confrontando essas informações com as que constam no planejamento inicial. Quando apresentarem diferença significativa, para mais ou para menos, é necessário analisar os motivos e realizar ações corretivas. Isso possibilita a obtenção de maior produtividade e que a qualidade desejada seja alcançada, dentro do custo e prazo estimado.

Um exemplo dessa situação ocorreu em um empreendimento residencial com cerca de duas mil unidades em que a execução da alvenaria estava apresentando valores inferiores aos planejados. Ao investigar os motivos, o gestor percebeu que a produtividade de uma equipe era sempre inferior às demais e também era menor que os valores utilizados no planejamento.

Após essas constatações, ele se dedicou a analisar a situação a fim de descobrir as possíveis razões. Constatou que a equipe que apresentava menor produtividade estava demorando a receber os insumos necessários para a execução, enquanto as outras os estavam recebendo normalmente. Ao otimizar o transporte dos materiais, ele obteve melhoria nas produtividades, alcançando a produção planejada.

Se esse gestor não mensurasse a produtividade das equipes, não seria possível identificar os problemas e propor as ações apropriadas. Portanto, mensurar indicadores de produtividade é controlar a qualidade da execução como um todo.

Uma das formas mais comuns é utilizar um fiscal de obras — podendo ser um estagiário, engenheiro trainee ou mestre de obras que acompanhará a obra e preencherá planilhas de forma que o gestor responsável tenha as informações apropriadas para confrontar o planejado com o realizado.

2. Realizar bons orçamentos

Quando os produtos são adquiridos ou escolhidos apenas com base no menor preço, sem análise técnica respaldando a decisão, muitas vezes são escolhidos os de qualidade inferior e que comprometem a produtividade no canteiro de obras. Os orçamentos devem levar em consideração não apenas o custo de um produto, mas sua comparação com outros.

Portanto, é essencial considerar a facilidade de aplicação ou execução, a produtividade que será obtida e a quantidade de mão de obra necessária para executar a mesma tarefa. Dessa forma, será possível comparar os produtos que realmente agregam maior economia.

Outra face de uma análise orçamentária eficiente é em relação às vantagens financeiras de treinar a mão de obra e de contratar profissionais capacitados, em vez de optar por profissionais com menor custo. Esse tipo de investimento proporciona mão de obra mais qualificada, índice de retrabalho muito menor e, consequentemente, a produtividade maior no canteiro de obras.

3. Compatibilizar informações e projetos — engenharia simultânea

As falhas ou a ausência de compatibilização dos projetos gera elevado índice de retrabalho, o que afeta diretamente a produtividade, a qualidade, o prazo e custo de um empreendimento. Especialistas em construção civil afirmam que o custo de um empreendimento que não conta com um responsável pela engenharia simultânea é superior ao de um empreendimento que contou com esse tipo de profissional.

Esse profissional analisa a construtibilidade das diversas disciplinas de projeto e verifica ou contrata alguém para a compatibilização desses projetos. Por meio da engenharia simultânea, é possível também analisar quais processos construtivos, produtos e procedimentos serão mais vantajosos para o empreendimento em questão, aumentando sua produtividade, lucratividade e qualidade final.

Além disso, a engenharia simultânea engloba compatibilizar informações — processo geralmente falho em grande parte das empresas. Por exemplo, muitas vezes, um projetista especifica determinado produto de forma genérica, o comprador se depara com diversas opções daquele produto e, não sabendo qual o apropriado, acaba optando pelo mais barato.

Geralmente, após a aplicação, começam a aparecer problemas, pois o tipo comprado não era semelhante ao que era apropriado para a obra, sendo necessário comprar novos produtos e refazer o serviço — gerando aumento no custo investido em produtos e mão de obra, reduzindo a produtividade.

Outra face do mesmo erro é a ausência de informações técnicas e treinamento apropriado da mão de obra, para que a aplicação do produto seja de acordo com as especificações contidas no manual. Essa é outra situação muito comum que também gera aumento no custo investido em produtos e na mão de obra, reduzindo a produtividade.

4. Escolher bons profissionais

Conforme mencionado anteriormente, a contratação de mão de obra não deve ser por meio do menor custo e, sempre que possível, deve-se optar por colaboradores treinados e capacitados. Quando não houver disponibilidade, realize-se treinamentos com as equipes contratadas, a fim de que elas estejam aptas a executar com qualidade e eficiência as tarefas que lhes são devidas. Uma dica é buscar parceria com os próprios fornecedores, afim de que eles efetuem treinamentos práticos de aplicação dos seus produtos.

É imprescindível que esse tipo de análise também inclua os profissionais de projeto e os que compõem o corpo técnico e de engenharia. Quando a escolha de profissionais de projetos, compradores ou engenheiros é por meio do menor custo, as soluções de projeto e demais atividades técnicas necessárias costumam não ser as mais eficientes e representam maior custo final do que a contração de um profissional capacitado.

5. Industrializar o processo construtivo

Esse é um dos fatores que mais aumentam a produtividade na construção civil. A industrialização da construção envolve projetos bem feitos e compatibilizados, planejamento eficaz e realista, análises técnicas e orçamentárias eficientes, utilização de equipamentos, materiais e métodos construtivos industrializados — que demandam projetos, modulação, mão de obra treinada, logística, entre outros fatores.

Steel frame, concreto pré-fabricado, concreto pré-moldado (moldado in loco), estruturas de aço e alvenaria autoportante são exemplos de métodos industrializados, que apresentam maior custo quando comparados com métodos tradicionais, devido à maior produtividade, apresentando menor prazo e custo final.

Aumentar a produtividade na construção civil é essencial para que situações tão comuns, como atraso em obras, aumento do custo inicial previsto, elevado índice de retrabalho e baixa qualidade, sejam evitados. Para que isso seja possível, é essencial que as dicas aqui explicitadas sejam aplicadas e que todos os empreendimentos sejam planejados e controlados.

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